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Largo da Carioca, Rio de Janeiro
Largo da Carioca
Nos primórdios da história da cidade, no século
XVI, na região atualmente ocupada pelo Largo da Carioca, existia uma lagoa, que
passou a ser chamada de Santo Antônio. Ela era afastada do núcleo original da
cidade, no Morro do Castelo. Nesse local afastado, foi instalado, por
Felipe Fernandes, um curtume, sendo ele o primeiro morador do local.
Às margens da lagoa, foi construída, em 1592, uma
pequena ermida pelos freis franciscanos. Em junho de 1608, foi iniciada a
construção do Convento de Santo Antônio e, em 1615, foi inaugurada
uma parte do Convento e a Igreja de Santo Antônio. Para drenar a lagoa, os
franciscanos abriram uma vala. O trajeto da vala deu origem à Rua da Vala,
atual Rua Uruguaiana.
Em 1619, instalou-se, na cidade, a VOT e,
neste mesmo ano, foi iniciada a construção da Capela da Ordem, anexa à Igreja
do Convento, sendo inaugurada em 1622. Em 1633, foi iniciada a construção de um
novo templo, a atual Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da
Penitência, concluída em 1773. Em 1933, passou a funcionar, neste conjunto
arquitetônico, um museu de arte sacra.
Em 1718, sob o governo de Antônio de Brito
Freire de Menezes (1717-1719), iniciaram-se as obras de instalação de
canos de água através da antiga Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga)
para trazer, para a cidade, as águas do Rio Carioca. Sob o governo de Aires
de Saldanha (1719-1725), em 1720 o encanamento alcançou o Campo da Ajuda
(atual Cinelândia), ainda nos arrabaldes da cidade à época. Esse
governador, alterando o projeto original, defendeu a vantagem de se prolongar a
obra até o Campo de Santo Antônio (atual Largo da Carioca), optando pelos
chamados Arcos Velhos – um aqueduto ligando o Morro do Desterro (atual Morro
de Santa Tereza) ao Morro de Santo Antônio, inspirado no Aqueduto das
Águas Livres, que, então, estava sendo construído em Lisboa. A obra estava
concluída em 1723, levando as águas à chamada Fonte da Carioca, um chafariz
erguido também nesse ano, que as distribuía à população no Campo de Santo
Antônio e que, com o tempo, deu o nome ao largo.
Já em 1727, se registravam reclamações de falta de
água, atribuindo-se-a à ação de quilombolas (escravos fugitivos,
que viviam ocultos nas matas) que, segundo as autoridades, quebravam os canos.
Foram estabelecidas penas para os atos de vandalismo contra a obra.
O governador e capitão-general da capitania do Rio
de Janeiro Gomes Freire de Andrade (1733-1763) determinou, em 1744, a
reconstrução doAqueduto da Carioca com
pedras do país. Com projeto atribuído ao brigadeiro José Fernandes Pinto
Alpoim, recebeu a atual conformação, emarcaria de pedra e cal. A Carta Régia de 2
de maio de 1747 determinou que as águas fossem cobertas por abóbada de
tijolos, para evitar o seu desvio mal-intencionado.
Inaugurado em 1750, as águas brotaram aos pés em um
chafariz de mármore, através de dezesseis bicas de bronze, no Campo
de Santo Antônio, dentro dos limites da cidade. Mais tarde, essa água foi
estendida, através da Rua do Cano (atual Rua Sete de Setembro), até ao
Largo do Paço (atual Praça 15 de Novembro), onde os navios vinham abastecer-se.
Foi, também, erguido no Campo de Santo Antônio,
pelo governador Gomes Freire de Andrade, um posto policial militar destinado a
conter os frequentes conflitos entre os escravos carregadores de água no
chafariz, tendo ficado conhecido pela população como Guarda Velha.
Em 1834, foi iniciada a construção de um novo
chafariz no mesmo local, sendo que sua construção foi concluída por volta de
1848, projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny. Foi demolido em
1925.
Nos anos 1950, uma parte do Morro de Santo Antônio
foi demolida para a construção do Parque Eduardo Gomes, mas a parte onde
está localizado o convento e as igrejas foi preservado. Com a demolição, foram
abertas as avenidas República do Chile e República do Paraguai.
Foram feitas grandes modificações nesse espaço na
década de 1970, quando quase todos os prédios antigos do largo foram demolidos.
No subsolo do largo, existe agora uma das maiores estações de metrô da
cidade.
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